segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Crítica | Bohemian Rhapsody (2018), dir. Bryan Singer

Nota: 6/10




    Desde que o primeiro teaser trailer saiu, o Bohemian Rhapsody tinha o potencial para ser um filme gigante, que retrata a vida (e, subtilmente, a morte) do vocalista da banda britânica Queen, Freddie Mercury. Apesar da vida de Mercury ter sido marcada pelas one night stands, o filme tenta retratar a vida da banda, quando na verdade, centra-se no vocalista. 
     Descobrimos Freddie Mercury como Farrokh Bulsara, que nasceu em Zanzibar, na Tanzânia. Como ele conheceu Brian May e Roger Taylor (e, posteriormente, John Deacon, mas essa cena foi eliminada do filme, para meu desgosto), e como quatro homens com backgrounds diferentes (sendo que Mercury estudou design, May astrofísica, Deacon eletrónica e Taylor medicina dentária) se tornaram na banda que agora conhecemos como Queen
     Antes de ver o filme, estava à espera que ele pudesse mostrar-me a vida desta banda que conheço e admiro desde a infância. É verdade que mostrou, mas a história foi comprimida de tal maneira que o filme fez parecer que o primeiro álbum dos Queen foi o A Night At The Opera, quando, na verdade, esse já era o quarto. Contém imensas referências históricas erradas, especialmente cronologicamente. Mais ou menos a meio do filme, apercebemo-nos que estamos em 1980, e o Brian May compõe a We Will Rock You, quando, na verdade, a música está presente no álbum News of the World, de 1977. E também não é verdade que os Queen se separaram para que o Freddie Mercury pudesse gravar o seu primeiro álbum a solo, aliás, enquanto o Mr Bad Guy estava em produção, estava também o The Works da banda (e não nos esqueçamos que o Brian May e o Roger Taylor também lançaram álbuns a solo enquanto tocavam e faziam tours com os Queen). Mas aquilo que realmente me deixou estupefacta, pelo facto de terem posto isso no filme, é, quando o Freddie organiza uma festa na sua casa nos anos 80, ouvimos de fundo a Can’t Touch This do MC Hammer, uma música que só foi lançada em 1990. 
     O filme focou-se tanto na vida um tanto fantasiada do Freddie Mercury e em recriar a atuação icónica da banda no Live Aid em 1985, que alguns detalhes importantes sobre a carreira da banda passaram ao lado, perdendo, assim, um bocado da ”arte“ que eu esperava no filme. 
   No entanto, o filme apresenta um bom elenco, que atuou belissimamente e que era extremamente semelhante aos verdadeiros membros dos Queen. Representou bem o génio musical de Freddie Mercury e a sua bisexualidade, algo que o próprio cantor escondeu durante muito tempo da sua carreira, e, como já estava à espera, a banda sonora é épica, como sempre foi durante anos e, agora com o filme, vai tornar-se ainda mais eterna.